Monday, September 27, 2004

Um dia muito especial

Hoje, dia 27 de Setembro, é um dia muito especial. Um sábado, entrou pela sala dentro um grupo de 3 jovens, todos vizinhos, 2 rapazes e uma rapariga. Ela loira, um dos rapazes de óculos, com um ar franzino e desconfiado e o outro com um sorriso tão meigo e simpático que foi fácil sentir uma confiança enorme logo à partida.

Passado um bocado estavamos a falar de projectos, de pertencer, contou-se uma história com barqueiros, e toda a gente desenhou uma árvore.

Depois foram ficando... e cada vez mais foram sentindo vontade de fazer, e foram dando de si a um projecto que não seria como é hoje sem a sua participação.

Lembro-me dos rapazes em duas situações completamente diferentes, mas ambas fantásticas para quem as viveu.

Primeiro episódio

Magoito, 3 da manhã, de uma noite muito fria... uma guerra rapazes/raparigas. Operações clandestinas, pedras fantasmagóricas herdadas de um cimitério erguido no terreno que já fora de 40 pessoas. Ambiente tenso, escuro. Agigantado pela crise dos "Soutiens". Um receio imenso de ser desalojados, enviados para Lisboa, ou pior ainda ir dormir para o barracão. Definiram-se posições. Elas no andar de baixo, eles no andar de cima. Os eles todos, os vivos mais o "Inácio", fantasma de estimação, com um gosto especial para andar no fim das filas. Por volta das 4 da manhã o frio da noite acalmou as hostes. E os homens vieram dar um triunfante passeio ao ar livre, livre e gelado, como o havia de constatar o Sário, que ainda hoje se lembra do frio que rapou naquela noite, em T-shirt sofrendo as chicotadas do vento seco que fustigava trazendo o cheiro dos pinheiros da Serra de Sintra.
E foi assim, a porta fechou-se e uns angustiantes 40 minutos de passeio forçado fizeram-nos gritar pelo grupo de retaguarda que dormia lá em cima: " se és macho, anda cá baixo!". Revolta contra as raparigas, ignorando o facto que a porta havia sido fechada, por não outro senão o Toni. Aqui está uma noite que teve susto e arrepio, gargalhadas, palhaçadas, mas sobre tudo... muito, muito FRIO!

Segundo episódio.

Ramda, tarde de sábado, a 8 dias de um festival no Polivalente de Odivelas... uma paisagem verdejante, um bacalhau voador, faltava tudo o que era preciso, vai a Catarina a casa buscar um agrafador. Sentei-me sem saber que mais fazer, nada havia e eu revoltado, via toda a gente sentada com um ar super, hiper desanimado. Estava todaa gente rendida á fata de material. Toda a gente, não. Num canto da sala apanhando os paeis do chão um elemento dava o exemplo do que é determinaçã. Apredi com ele uma lição que não vou esquecer, por menos que nos pareça, há sempre trabalho para fazer. Uns trabalham palavras, outros usam a mão, mas ninguém como ele, sabe fazer de coração. Ainda hoje é exemplo, que no projecto devemos seguir, contra toda aadversidade, ele continua a lutar, com amor e a sorrir. Mil histórias pra contar, milagres até le já fez, encontro dezenas de alfinetes que todos tinhamos debaixo dos pés. Alfinets que foram a unica maneira de prender um Cenário no Paulo sexto. Talvez por isso seja o primeiro que recebeu o Premio JR de trabalho, o seu exemplo e dedicação,serão para toda a sua vida os seus sinais de oração. Podem vê-lo a cantar, mexendo com martelo ou com pincel, mas no sorriso reconhece-se sempre o nosso MIGUEL.

Parabéns, Miguel Ângelo, que as nossas vidas da cor dos nossos sonhos!!!

27 de setembro... um dia muito especial!

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